Anoreg/PR entrevista registradora de Morretes em homenagem aos 292 anos da cidade: cartórios são guardiões da história local

Anoreg/PR entrevista registradora de Morretes em homenagem aos 292 anos da cidade: cartórios são guardiões da história local

No dia 31 de outubro, Morretes completou 292 anos. Localizada entre a Serra do Mar e o litoral paranaense, a cidade carrega uma história que atravessa quase três séculos de transformações.

Com 18.309 habitantes, Morretes tem uma população que, apesar do crescimento moderado ao longo dos anos, mantém vínculos profundos com seu território. Segundo o portal Primeira Infância Primeiro, 9,08% dos moradores estão na faixa entre 0 e 6 anos, o que representa 1.663 crianças. Esses números mostram que, mesmo sendo uma cidade de pequeno porte, o município possui uma base jovem forte, um dado importante para o planejamento de políticas públicas e também para os serviços de registro civil, responsáveis pelos primeiros atos de cidadania de cada morretense.

De acordo com informações do Portal da Transparência do Registro Civil, o município de Morretes, no litoral do Paraná, registrou 134 nascimentos, 83 casamentos e 147 óbitos ao longo de 2024. À primeira vista, são apenas números. Mas, quando olhados com atenção, esses dados revelam muito mais: são capítulos vivos da história de uma cidade que carrega quase três séculos de existência.

“Com 292 anos de história, Morretes é uma cidade que carrega consigo memórias e tradições de várias gerações. Os cartórios são importantes nesse percurso, pois registram, oficialmente, os nascimentos, casamentos e as passagens da vida. Além disso, servem para garantir segurança jurídica a cada cidadão. Cada registro é um capítulo de identidade civil e cultural e contribui diretamente para o desenvolvimento da cidade”, afirma a titular do Serviço de Registro de Imóveis, Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais e Serviço de Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas de Morretes, Jane Kamke Witczak.

Os registros civis funcionam como uma espécie de “livro de memórias oficial” de Morretes. Neles estão documentadas as chegadas, as uniões e as despedidas que moldam o tecido social do município, uma narrativa que começou há muito tempo, ainda no século XVII, quando mineradores paulistas se estabeleceram às margens do Nhundiaquara em busca de ouro.

A história conta que, em 1721, o ouvidor Rafael Pires Pardinho determinou que a Câmara de Paranaguá demarcasse uma área de 300 braças, abrindo caminho para o surgimento do povoado Menino Deus dos Três Morretes. E foi em 31 de outubro de 1733 que o núcleo urbano ganhou forma, data que marca oficialmente o nascimento de Morretes, hoje registrada, ano após ano, nas páginas modernas do Registro Civil.

O Portal da Transparência do Registro Civil, iniciativa da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), permite acompanhar, em tempo real, esses registros, transformando estatísticas em histórias humanas e conectando o presente às raízes do passado.

Durante o século XIX, Morretes tornou-se o ponto de passagem entre Curitiba e o litoral. Primeiro, pelo Caminho do Itupava e, mais tarde, pela Estrada da Graciosa, inaugurada em 1873. Essa rota, que ligava a capital paranaense a Morretes e Antonina, foi a principal via de acesso até a construção da BR-277, nos anos 1960. Desde então, a Estrada da Graciosa se transformou em um dos principais atrativos turísticos e históricos do estado, preservando trechos de Mata Atlântica e a identidade local.

Hoje, Morretes é reconhecida como um destino turístico, gastronômico e histórico, mas é também uma cidade que preserva, por meio de seus cartórios, a memória legal de sua população. São dois os principais serviços notariais e registrais que atendem à comunidade: o Tabelionato de Notas e Tabelionato de Protesto de Títulos, sob responsabilidade de Luiza Braga Weizenmann, localizado na Rua Ricardo de Lemos, 147, Centro e o Serviço de Registro de Imóveis, Registro Civil das Pessoas Naturais e Registro de Títulos e Documentos e Civis das Pessoas Jurídicas, sob responsabilidade de Jane Kamke Witczak, localizado na Rua José Moraes, 158, Centro.

Pequenos em estrutura, mas grandes em relevância, alcance social e responsabilidade, esses espaços documentam o nascimento, a união e a despedida dos moradores, além de proteger juridicamente o patrimônio material e imaterial de Morretes.

O Registro Civil guarda, também, as origens de personalidades que contribuíram de forma significativa para a história política, literária, científica e artística do estado e do país.

Entre esses nomes está José Francisco da Rocha Pombo (1857–1933), poeta, historiador, jornalista e político. Nascido em Morretes, foi autor da monumental obra História do Brasil, publicada em dez volumes, considerada uma das mais completas do gênero.

O escultor João Turin (1875–1949), também natural de Morretes, destacou-se como um dos fundadores do paranismo, movimento que buscava consolidar uma identidade artística própria do Paraná. Após estudar em Bruxelas e expor em Paris, retornou ao Brasil e se tornou referência nas artes plásticas, autor de obras como o Busto do Barão do Rio Branco e a estátua de Tiradentes em Curitiba.

Outro artista ligado à cidade é Lange de Morretes (1892–1954), pintor e cientista que adotou o nome de sua terra natal como identidade artística. Atuou como professor na Universidade de São Paulo e deixou como marca simbólica os desenhos em forma de pinhão das calçadas de Curitiba. Seu desejo de ser sepultado em pé, voltado para o Marumbi, foi devidamente registrado e cumprido.

O também morretense Theodoro de Bona (1904–1990) integrou a geração de artistas paranaenses formados sob a influência de Alfredo Andersen. Pintor expressionista e diretor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, contribuiu para a formação de novos artistas e consolidou um legado reconhecido no cenário nacional.

Na política e na literatura, Morretes também deixou sua marca. João Negrão (1833–1887), deputado provincial e defensor do ensino público, e Ricardo Pereira de Lemos (1871–1932), poeta, humorista e patrono da Academia Paranaense de Letras, representaram a cidade no campo intelectual e público. Lemos foi autor de "Ventarolas”, o primeiro livro de versos jocosos publicado no Paraná.

Ao completar 292 anos, Morretes mostra que sua história está também nas páginas cuidadosamente registradas em seus cartórios. A cidade segue preservando sua identidade e escrevendo, dia após dia, novos capítulos de sua própria história.

Parabéns, Morretes!

Fonte: Assessoria de Comunicação da Anoreg/PR