Conheça a história de Salvador de Ferrante: pioneiro das artes cênicas no Paraná

Conheça a história de Salvador de Ferrante: pioneiro das artes cênicas no Paraná

Matéria especial realizada pela Anoreg/PR conta trajetória do artista que completa 88 anos de falecimento em 2023

Ao falar sobre o cenário artístico curitibano, todos os caminhos levam ao Teatro Guaíra, inaugurado há 69 anos, e considerado um dos maiores complexos culturais da América Latina. O ano de 1954 foi palco da abertura do primeiro auditório que compõe o edifício: o Salvador de Ferrante, o Guairinha, onde, em 1955, já acontecem as primeiras apresentações. O nome, apesar de pouco lembrado entre os paranaenses, carrega e homenageia o pioneirismo do cenário teatral do estado.

Nascido em dezembro de 1892, em Campo Largo da Roseira, distrito de São José dos Pinhais, Salvador Ferdinando de Ferrante foi filho dos italianos Ferdinando de Ferrante e Eugênia Ordine de Ferrante, originários da província de Cosenza, no sul da Itália. Considerado um dos personagens mais versáteis na história do teatro, Salvador foi ator, diretor, pesquisador, cenógrafo, produtor e fundador do primeiro grupo de teatro amador na capital paranaense.

No início do século XX, não havia incentivo ao teatro amador em Curitiba. A cidade, apesar de capital, dispunha de peças apenas de companhias itinerantes, o que escancarava a escassez de produções locais. Colocando-se como personagem principal da história cênica, Ferrante fundou, em 1920, a Sociedade Teatral Renascença (STR). Considerada a pioneira do teatro amador do Paraná, a sociedade tinha como principal objetivo desenvolver e capacitar o teatro entre os jovens curitibanos. O principal palco das apresentações da STR foi no antigo Theatro Guayra, localizado na Rua Dr. Muricy. Além da STR, Salvador também criou, em 1929, a Escola Teatral Paraná e em 1930 ajudou a fundar a Sociedade Orquestral Paranaense.

Falecimento

A Sociedade durou de 1920 até 1935, ano em que foi feito o registro de óbito de Salvador de Ferrante. Localizado no 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais de Curitiba, cartório no centro da capital – instalado em 31 de março de 1876 – o registro, datado em 23 de agosto de 1935, apresenta a causa da morte do artista como sendo “picada de aranha-marrom”. O artista morreu aos 42 anos, tendo organizado 98 festivais de teatro na década de 20, período em que sonhou transformar Curitiba em um polo cultural.

O titular do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais de Curitiba, Ricardo Augusto de Leão, comenta a importância dos registros cartorários na manutenção da história local. “A importância dos documentos nestes casos é a de registrar, para a eternidade, um acontecimento histórico, como nos livros, para que as histórias possam ser contadas”. O documento permanece em versão original na unidade.

Já a pesquisadora da história das artes cênicas no Paraná, Mara Morais da Costa, considera que Ferrante foi “pioneiro em criar uma sociedade teatral que admitia sócios pagantes”. “Admitindo sócios pagantes, era possível sustentar o teatro. Ele é pioneiro, por exemplo, em compreender que o teatro precisa de uma sede própria onde as artes se articulem”, disse.

Teatro Guaíra

Com a morte do artista, a STR fechou as cortinas do Theatro Guayra para grandes públicos em 1935, já o prédio foi demolido em 1939. Dezenove anos após o óbito, em 1954, em um novo endereço, o palco do “Guairinha” abriu portas aos curitibanos, como sendo parte integrante do novo Teatro Guaíra – hoje localizado na Rua XV de Novembro – carregando a história do teatro com o nome do ator nas portas do auditório. Este novo teatro, quando concluído a partir dos anos de 1970, tornou-se o local que Salvador de Ferrante idealizava nos anos de 1930, quando completasse o 100º festival na Sociedade Teatral Renascença.

O Centro Cultural Teatro Guaíra se tornou um dos maiores complexos culturais da América Latina e tem atualmente quatro corpos artísticos: a Escola de Dança Teatro Guaíra, o Balé Teatro Guaíra, a Orquestra Sinfônica do Paraná e o G2 Cia. de Dança, sendo o resultado do trabalho liderado por um jovem paranaense que um dia sonhou com um cenário teatral de sucesso no nosso estado.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação – Anoreg/PR